Você sabe o que o seriado “Just like that” e o filme “Matrix the ressurection” têm em comum? Ambos são protagonizados por mulheres maduras com 50 anos ou mais… Hello mundo, o que tá mudando?! Assistindo um outro seriado (Ëmily in Paris) onde a protagonista (Emily) é uma garota de menos de 30 anos tão insonsa que literalmente é ofuscada pela beleza e brilhantismo da personagem de 58 anos de idade (Sylvie) fiquei refletindo sobre tudo isso e faz muito sentido!!!
Estas mulheres maduras dos dias de hoje (me incluo no grupo) chamadas de ageless ou perennials são os adolescentes dos anos 80 e, confie em mim, isso não é pouca coisa… Fomos forjadas no rock internacional (progressivo, hard, heavy metal), banhadas no rock nacional, iluminadas pelo new wave e algumas de nós (me incluo nessa também) vivenciaram o restinho da era de ouro punk e dark que deu origem a tantos outros movimentos musicais… Usamos cabelos naturais longos com cachos, usamos cabelos curtos com gel, colorimos nossos cabelos e jogamos purpurina, ou pintamos as unhas e as bocas de preto lançando moda que persiste até hoje. Nossos blazers com ombreiras ou sobretudo preto cobriam shorts e coturno usados com meia calça em estilosos outfits copiados até hoje!
Decidimos pelo vegetarianismo e por defender a natureza antes disto ser moda. Optamos pelo fitness nas academias com aeróbicas e musculação cuidando do corpo como se fosse um templo e avançamos sem os tabus das gerações anteriores.
Ousamos ser diferentes. Fizemos as mesmas faculdades tradicionais, nos casamos e tivemos filhos (não necessariamente nesta ordem) como nossos pais, mas nos demos o direito de nos separar uma, duas ou mais vezes e até de não querer casar ou nem mesmo ter filhos na esperança de vivenciar uma felicidade customizada e não na modelagem que nos ofereceram. E isso tudo em meio a doenças avassaladoras e sem cura como a AIDS e o câncer.
Chegamos pela primeira vez na história da humanidade, mulheres plenas e livres aos 50 e poucos anos de idade. E por que parar agora? Em um mundo onde não enxergamos mais a rebeldia jovem adolescente, nós apesar da maturidade, vivemos uma espécie de adolescência tardia; uma rebeldia controlada com muita sede pelo novo e pela vida.
Na adolescência nossos corpos sofrem mudanças hormonais profundas assim como na maturidade. Então por que desistir agora? Justamente nesse momento em que esperamos mudanças significativas em nossas relações familiares, nossas carreiras e em nossos corpos (em uma nova adolescência) sabendo que tudo vai se transformar, querendo descobrir como vamos enfrentar todas estas mudanças e ansiosas pra descobrir o que a vida vai nos trazer… por que se aposentar? Sim, permanecemos adolescentes curiosas e queremos nos tornar nossa melhor versão porque não temos tempo a perder. A mídia já chama isso de “the power era” e não é à toa! Estamos em uma fase onde experimentamos autonomia, aliadas à liberdade e coragem pra novas escolhas, ousadia aliada a responsabilidade. Estamos aprendendo que podemos falar não e vivemos uma idade onde exigimos sermos ouvidas! Além de tudo, sabemos o que não queremos mais. Se isso não é empoderamento, realmente não sei o que é! E se isso não for inspirador, realmente temo acreditar que a minha geração viveu mais no real sentido da palavra viver do que qualquer outra até o momento.
E por ter vivido tão intensamente resolvi escrever sobre minha experiência profissional, uma espécie de diário de bordo mostrando como através do tempo fui ajustando a minha rota até chegar nos dias de hoje. O texto é uma tentativa de inspirar e motivar todos aqueles que hoje em dia vivenciam os mesmos problemas com “nova roupagem”: o sexismo, a maternidade, a ausência de reconhecimento no trabalho, a exaustão e todos os desafios enfrentados ainda hoje por nós. Apesar de serem tópicos femininos, o livro está recheado de dicas de organização pessoal e reflexões pessoais que sem dúvida podem ser úteis independente do sexo ou da profissão do leitor. Espero que esta contribuição totalmente digital ajude a tornar sua viagem mais leve “ajustando o leme”.