Durante o exame de ultrassonografia Doppler hepático são avaliados praticamente todos os vasos que chegam e que saem deste órgão e que auxiliam na detecção de diversas doenças, sejam elas patologias de origem vascular ou não. Durante a realização desta técnica, entre outras, são avaliadas as veias hepáticas, mais especificamente a veia hepática direita, preferencialmente.
As veias hepáticas estão inseridas no parênquima hepático e são responsáveis por drenar o sangue da periferia do fígado em direção a veia cava caudal. Como outras veias, sua parede é complacente à passagem do fluxo sanguíneo e sua pulsatilidade depende da sua constituição e da elasticidade do tecido adjacente. Além disso, uma vez que as veias hepáticas são as últimas a drenagem na veia cava caudal antes dessa levar o sangue para o átrio direito, todo este influxo depende muito da diferença de pressão intra-torácica e varia principalmente com a variação da pressão dentro do próprio átrio direito. Esta característica é tão importante a ponto de se refletir no espectro detectado no mapeamento Doppler pulsado. Então, diferente de outras veias, as hepáticas apresentam um traçado espectral multifásico que representa todas estas variáveis (Figura 01).
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Figura 01: mapeamento Doppler pulsado normal de veia hepática direita em cão.
Assim, qualquer doença que altere a chegada do sangue no átrio direito, ou comprometa a complacência da parede vascular deste vaso pode ser caracterizado e, até certo ponto graduado, durante a obtenção do espectro pulsado Doppler.
Resolvemos compilar aqui para você as principais indicações clínicas para a realização da avaliação Doppler deste vaso:
• Ruptura diafragmática;
• Doenças que envolvam o lado direito do coração (dirofilária, neoplasia ou insuficiência tricúspide (Figuras 02 e 03);
• Doenças que alterem a elasticidade do parênquima hepático (neoplasia, cirrose, colangiohepatites crônicas);
• Doença hepática gordurosa (seja por hepatopatia vacuolar ou esteatose hepática) – Figura 04.
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Figuras 02 e 03: espectros de veias hepáticas em pacientes com graus diferentes de insuficiência valvar tricúspide. Fonte: Kim et al. J. Vet. Sci (2016).
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Figura 04: espectros de veias hepáticas perdendo a fasicidade de sua morfologia em acordo com o grau de infiltração gordurosa hepática. Fonte: Carvalho et al., Journal of Liver (2014).
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