Desde os primórdios dos anos 90 quando a ferramenta Doppler foi incorporada na rotina de imagem ultrassonográfica, muita expectativa se criou e muito foi publicado no intento de buscar uma resposta para o antigo dilema da inespecificidade diagnóstica na detecção de malignidade das lesões focais. 

Na época se pensava que o fato de se ter um software capaz de detectar a vascularização associado a imagem sonográfica, poderia ser a resposta derradeira para a questão de diferenciar processos benignos e malignos, uma vez que em geral estes últimos induzem a produção de fatores angiogênicos. Porém, o que se descobriu foi que até o próprio efeito mecânico de expansão das massas pode induzir a formação de novos vasos e que os novos equipamentos são muito mais sensíveis para detecção de vasos… além de tudo isso, o potencial de malignidade do tumor não está relacionado a capacidade de induzir neovascularização.

Os equipamentos de alta resolução melhoraram muito a sensibilidade diagnóstica para detecção de lesões focais, porém a busca de uma técnica não invasiva, segura e barata com o objetivo de achar uma solução para este dilema ainda continua…

Tudo indica que estamos caminhando com a tecnologia a nosso favor, desenvolvendo softwares capazes de fornecer informações sobre outras características das propriedades físicas (distribuição arquitetural da vasculatura, dureza relativa dos tecidos e comportamento hemodinâmico) associadas a natureza acústica das lesões. Tudo isso em tempo real, de forma segura (sem radiação) e sem necessidade de anestesiar, o paciente que é uma das grandes vantagens da ultrassonografia diagnóstica.

A ferramenta Doppler perdeu um pouco do seu glamour e expectativa iniciais para este intento (diferenciar lesões benignas de malignas) mas continua sendo imprescindível na avaliação da distribuição arquitetural dos vasos antes de realizar qualquer tipo de intervenção e como coadjuvante na avaliação modo-B de inúmeras alterações vasculares. 

Aliás quanto a isto, sem dúvida existem artigos tão clássicos que são utilizados até hoje como referências para descrição dos achados. Por exemplo, podemos citar especificamente o artigo escrito por Tanaka (1992) propondo uma terminologia usada até hoje para descrever os padrões de distribuição vascular ao mapeamento colorido de lesões focais hepáticas (Figura 01). 

Figura 01 – Classificação do padrão de distribuição vascular de lesões focais hepáticas ao mapeamento Doppler.

Atualmente há diversos artigos que são usados como referências para descrever os achados vasculares em linfonodos, em lesões focais renais, em tiroide e outros órgãos. A terminologia usada para descrever os achados Doppler as vezes pode ser difícil de ser compreendida por colegas veterinários de outras especialidades e por pessoas leigas justamente por ser tão específica. Em nossa escola NAUS defendemos o exercício da medicina baseada em evidências, ou seja, ensinamos e utilizamos na nossa rotina um padrão de descrição e terminologia de consenso com na literatura internacional. 

Nos cursos presenciais NAUS  e em nossos produtos NAUS On-line sobre o tema Doppler, os colegas veterinários encontram material sempre atualizado, que fornece o suporte de formação e de atualização profissional necessários. Fomos pioneiros, porém, o mais importante é que prezamos por educação continuada pois temos como objetivo a excelência diagnóstica e de ensino. Temos a consciência que a tecnologia na área de diagnóstico por imagem leva ao dinamismo de conceitos e a vieses de interpretação. Excelência diagnóstica exige evolução constante!