A ultrassonografia Doppler tem sido utilizada desde os anos 1990 na medicina e nos últimos 15 anos, com a evolução constante dos equipamentos de ultrassonografia, vem tomando seu espaço na rotina da medicina veterinária. É uma ferramenta associada a imagem ultrassonográfica modo B capaz de fornecer informações sobre a presença de fluxo sanguíneo, assim como a direção (em relação ao transdutor), velocidade (em cm/s), qualidade (laminar ou turbulento) e natureza (arterial ou venoso) deste fluxo.

No entanto, assim como na imagem modo B, o conhecimento das funções principais de comando e ajuste do equipamento é fundamental para interpretação adequada das imagens adquiridas. Encontramos termos/ nomes diferentes para a mesma função dos botões de comando, dependendo da marca e ás vezes até dependendo dos diferentes modelos em uma mesma marca. Isto acontece porque cada aparelho tem sua plataforma concebida dentro da linha de desenvolvimento de pesquisa e marketing próprios de cada marca. Esta realidade não ajuda muito os profissionais da área de imagem, que por sua vez, precisam conhecer e trabalhar com equipamentos de marcas e modelos diferentes… uma loucura!

Conhecer as bases físicas do método auxiliam a compreensão da função de cada botão.
Um bom exemplo é o principal comando da ferramenta Doppler, que é responsável pela frequência de emissão dos pulsos com sinal Doppler, o PRF – pulsed repetition frequency. Este comando está relacionado a velocidade detectada dentro do vaso em estudo, portanto, se o escopo do estudo for um vaso com fluxo sanguíneo de alta velocidade haverá a necessidade de aumentar a frequência de repetição de pulso, e vice versa. O mais lógico seria que em todos equipamentos tivesse um botão com este mesmo nome certo? Pois é, errado… encontramos nomes diferentes como escala, velocidade, ou ainda termos em inglês relacionados a esta função.

O desconhecimento destes detalhes de física e butonologia podem levar a diagnósticos errôneos. O exemplo acima do PRF é clássico! Quando se utiliza este recurso em níveis baixos ao avaliar um vaso de fluxo de velocidade alta, teremos uma imagem artefatual simulando turbulência do fluxo. Assim, o profissional desavisado pode interpretar inadequadamente como um segmento vascular que poderia ter por exemplo, estenose, dilatação, desvio ou trombo em seu interior. O contrário também pode acontecer, a ausência de sinal quando utilizamos níveis mais altos de PRF em um vaso com velocidade de fluxo baixa. Neste último caso, o indivíduo pode interpretar erroneamente achando que não há fluxo no interior do vaso ou região em estudo.

Apesar do uso desta ferramenta apresentar-se amplamente difundido, deve-se considerar estas particularidades das plataformas e a sensibilidade de cada modelo e/ou marca de equipamento.

Se você quer conhecer mais sobre as bases físicas e butonologia Doppler veja mais informações sobre nosso curso online e também o curso presencial onde o aluno aprende as bases físicas e as principais aplicações clínicas desta técnica. Sempre conto que eu tive que aprender muitas coisas sozinha ou com o auxílio de profissionais de outras áreas fora da medicina veterinária. Mas você não precisa!