Quando chega em nossa mesa de exame um paciente cuja requisição tem como suspeita endocrinopatia, imediatamente vem na nossa mente um leque de possibilidades de achados ultrassonográficos. O ultrassonografista pensa não somente na procura de alterações morfológicas e estruturais das glândulas (adrenais, pâncreas, fígado) mas também nos outros órgãos que secundariamente podem estar afetados nestes casos de distúrbios metabólicos como a vesícula biliar, baço e até alterações vasculares. Mas na verdade, poucos de nós lembram que existem afecções do sistema reprodutor que também são consideradas endocrinopatias e que podem inclusive produzir sinais clínicos dermatológicos.

Os tumores testiculares são o segundo tipo de neoplasia mais comum em cães; podem ter origens celulares diferentes ou até mistas. Os tumores das células sexuais do cordão estromal são chamados seminomas. Os tumores das células de Leydig (leydigomas) são capazes de secretar andrógenos e podem ocasionar hiperplasia prostática benigna e hiperplasia de glândulas perianais. Por fim, há um tipo de tumor capaz de secretar estrógeno, o Sertolinoma, que ocasionam a chamada síndrome de feminilização do macho. Neste último caso, os pacientes apresentam aumento da gordura abdominal, ginecomastia, pênis pendular.

No caso das fêmeas, as alterações endócrinas relacionadas ao sistema reprodutor, geralmente são ocasionadas pela presença de ovários policísticos e tumores. Normalmente quadros de hiperestrogenismo levam a alopecias bastante simétricas e a uma hiperpigmentação da pele bastante difusa. Sinais clínicos de hiperestrogenismo em cadelas jovens na maioria das vezes está associada a presença de cistos foliculares, No entanto em cadelas de meia idade a idosas, devemos considerar a possibilidade diagnóstica de origem tumoral ovariana. Os tumores de células de Sertoli/Leydig podem apresentar intensa atividade estrogênica e /ou androgênica e ocasionarem alterações metabólicas importantes.

Na próxima vez que for realizar o exame ultrassonográfico de um paciente com este tipo de suspeita clínica, lembre-se de avaliar e relatar os achados relativos a estes órgãos. Pode estar aí a chave do problema que o colega clínico está tentando desvendar.

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